sábado, 26 de junho de 2010

Nos reencontros da vida- Parte III

Para não se perder:

(...)Ela perdeu todo o fôlego, ele chegava mais perto. Sussurrou algo em seu ouvido que a fez rir, mas que se esqueceu no mesmo instante. Se aproximou mais, e mais. Os lábios se tocaram e trocaram suas almas através de um longo beijo.
A partir daquele momento, o percurso pareceu querer birrar com Helena e encurtou-se; logo chegaram em casa! Marcos aos poucos largava-lhe a cintura e em uma tentativa de esconder dos demais que a chuva chovia murmurou um 'boa noite' ao ouvido e a abandonou ali, mais uma vez, ébria.
Helena não sentia suas pernas, os braços pareciam-lhe inexistentes e os pés não respondiam; estava anestesiada quase por completo, ainda lhe restava uma acelerada pulsação no peito.
Sentiu uma necessidade de enrolar o tempo; precisava pensar. Aquela cena já parecia-lhe mais um daqueles sonhos bons que não se repetem nunca mais, sonháveis uma única vez. Deitou-se olhando para aquele céu de gesso, sentia-se estranha, menos feliz do que devia. Não tardou muito e seus olhos se fecharam embarcando rumo suas utopias amorosas.
Os raios do novo dia que brotava, entravam pelas brechas da cortina amarela despertando-na. Helena sentiu a cabeça pesar, e estranhamente era de culpa. Sonhara o mesmo sonho a noite inteira, a cabeça que latejava contava-lhe que ela tinha feito coisa errada, a consciência se culpava e se justificava.
Levantou-se bem devagar, sentia-se tonta, exposta. Vestiu um longo vestido verde que ia até os pés, tinha a impressão de que todo aquele pano esconderia
seu segredo nem tão secreto. Respirou fundo, deixou que seus pulmões se deliciassem com o ar frio, criou coragem, saiu.
Ensaiava uma espontaneidade que havia perdido momentaneamente, temia entregar as pistas de seu crime. Mas todos pareciam desconhecer seu medo. 'Ufa, ainda era secreto!". Ôpa! Alguém estava fora do lugar; aonde ele tinha se metido? Não lhe agradava aquela situação, aquele vazio; ela até que gostava da insegurança que a presença de Marcos lhe causava.
Demorou a manhã inteira para que ele pudesse reaparecer; Helena tinha tido tempo de ensaiar todas as atitudes que deveria tomar quando olhasse para ele- corresponder, o que quer que fosse. Queria muito saber aonde ele tinha se enfiado, era aquele maldito ciúme se metendo, de novo, aonde não era chamado. Ignorou, fez que não era com ela. O meio-dia levou embora sua ansiedade: ele chegou! Deu-lhe um sorriso, mais nada. Tudo em um sorriso. Ela retribuiu, rapidamente movimentou seus lábios, bem sabia fazer isso.
Passou tempo demais, e sua perna balançando já reclamava da falta de atitude daquele idiota; 'Deus, já estava xingando o pobre coitado?' . Era quase final de tarde, o sol já queria ir embora. Ah, como Helena gostava tanto do pôr-do sol; Marcos bem que poderia adivinhar, ela era tão fácil de se ler. Mas a criatividade dele parecia pouca, ele estava se mostrando incapaz de arrumar uma desculpa, distrair todo o resto e a levar para ver o sol se pondo. Só que ele nem se mexia.
A impaciência começou a aumentar e dominar cada vez mais aquele pequenino corpo. Algo veio para lhe salvar. Ela sentiu alguém cutucar seu pé por debaixo da mesa, era ele! E queria lhe entregar, algo: um celular. Seus olhos míopes mal puderam ler. 'Fica comigo hoje?'. As mão tremulas e indecisas devem ter digitado um sim em resposta.
As horas andaram devagar, quase parando. Para alegria de Helena, a noite chegou. Nunca havia se arrumado tão bem, queria impressionar; prendeu as ondas em um rabo-de-cavalo, favorecia-lhe o rosto; não abriu mão de sua coleção de vestido, escolheu o mais bonito que possuía; aquela seria a sua noite.
Saiu do quarto, o coração palpitou, mandou embora para dentro de si o medo e em passos firmes encarou aquele olhar. Estava ficando mais forte, já não era tão fácil ficar bêbada. Tocou uma música qualquer, alguma coisa sobre recomeço, novo-amor. Como assim? Marcos se aproximava de Helena, puxou-lhe delicadamente pela mão, com o beijo-cavalheiro convido-lhe a dançar e ela deixou se levar por aqueles braços fortes.

(continua...)

3 comentários:

  1. cheira-te bem queridaaa:)
    aii que lindo, continua rapidinho.
    parabéns flor ***

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  2. "Sentiu uma necessidade de enrolar o tempo; precisava pensar."

    Eis uma das minhas mais contínuas necessidade ;)
    rs .

    beelo texto ! *-*

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  3. Ahh, até que o Marcos a surpreendeu. Continuo curioso para saber o que ainda espera pelos dois...

    Bjs =)

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