Não
é de hoje que a vontade de mandar e receber noticias me toma todo o corpo. Faz
um tempo que quero bater novamente a tua porta e dizer que as coisas mudaram
sim, mas que a gente, do nosso jeito, pode se adaptar a essa mudança; que temos
nas mãos todas as ferramentas para isso. No entanto, o orgulho me acorrenta e
algumas mágoas bobas terminam por fortalecer essa corrente que me prende a
distância. Só que quando a gente quer muito uma coisa, a gente consegue, não é?
Pois então, aqui estou eu.
Eu
podia te ligar, ir à sua casa e te falar tudo isso, mas creio eu que palavras
ditas são deturpadas pelo tom de voz. Penso eu, que estaríamos mais vulneráveis
a uma briga e a um fim verdadeiro. E também sei que a surpresa que vai te tomar
vai ser muito maior ao ler cada letra que acabo de escrever. E você gosta tanto
de surpresas.
Não
se preocupe, vim com as mãos vazias. Veja: não trago agarrada nenhuma acusação.
Ao contrário. Vim aqui, isentar-te de toda e qualquer culpa que tu tenhas
contigo. Acalme-se. Sorria para mim. Vim aqui, pedir-te perdão.
Não
pedir-te perdão por aquilo que fiz. Vim apelar para que esqueça aquilo que
deixei de fazer. Por favor, desculpe-me pelas vezes em que deixei de cuidar-te;
pelas vezes em que fui relapsa e acabei sufocando seus sentimentos, por ter me
agarrado com a mágoa e te colocado em um canto escuro do meu peito, por até
mesmo, te ter omitido socorro. Fui fraca. Não derrame essa lágrima. Ela é
preciosa e eu não mereço tudo isso.
Mas
esqueçamos isso. Desapeguemos-nos do que aconteceu de ruim. Vai, vamos nos
preocupar em cuidar só daquilo que aconteceu de bom e que merece ser guardado.
Quero mudar isso. Estou disposta a aliar-me à paciência e ao perdão, para que
então possa ter prova de todo meu carinho por ti e nunca mais duvide do meu
afeto.