quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vicio


Você avisa: não vou mais tolerar esse tipo de tratamento. Se continuar assim, para mim chega, acabou. Ou aprende a me valorizar ou então vai me perder. Ele não te leva a serio. Você, mulher de palavra como é, cumpre com o dito. Termina o romance.
Ele te liga insistentemente. Te da, em um dia, as flores que nunca te deu em um ano; enche sua caixa de entrada com milhões de desculpas; jura por tudo que não vai mais se repetir, que tá arrependido, que o tempo longe o fez ver o quanto você é especial e que ele não quer mais te perder nem na próxima encarnação.
Você, apaixonada como é, consegue manter por duas semanas a sua decisão. Mas então, lembra que a vida exige flexibilidade das pessoas; que ele, humano como é, merece uma segunda chance e que o perdão é a maior virtude de alguém. Pronto: ele volta para sua vida.
Para comemorar – um jantarzinho romântico na sua casa, às oito. Você faz o prato preferido dele, compra um vestido e uma lingerie nova, escolhe o melhor vinho e ascende velas. Oito e meia. Ele nunca foi pontual mesmo. Uma ligação. Ele vai precisar se atrasar porque tem de passar no jantar da tia avó da mãe. Você compreende, é família afinal. Nove e quarenta. Uma mensagem de texto: a turma do futebol ligou e ele vai ter de dar uma conferida para não ficar chato. Você já tomou metade da garrafa de vinho, seu vestido já amaçou, a comida esfriou e as velas apagaram. Onze e vinte. Ele bate na sua porta. Te dá um beijo na testa e diz que está cansado demais. Deita e dorme. Ele sabe que você está com os sentimentos à flor da pele, que está morrendo de saudade. Mas ele também sabe que você entende, você é tão compreensiva. Ele mergulha num sono profundo, você se afoga em lágrimas de frustração.
De manhã você avisa: não vou mais tolerar esse tipo de tratamento. Se continuar assim, para mim chega, acabou. Ou aprende a me valorizar ou então vai me perder. Ele não te leva a serio. Você, mulher de palavra como é, cumpre com o dito. Termina o romance.
Ele te liga insistentemente. Te dá, em um dia, as flores que nunca te deu em um ano; enche sua caixa de entrada com milhões de desculpas; jura por tudo que não vai mais se repetir, que tá arrependido, que o tempo longe o fez ver o quanto você é especial e que ele não quer mais te perder nem na próxima encarnação.
Você, apaixonada como é, consegue manter por duas semanas a sua decisão. Mas então, lembra que a vida exige flexibilidade das pessoas; que ele, humano como é, merece uma segunda chance e que o perdão é a maior virtude de alguém. Pronto: ele volta para sua vida.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Aquele carinha


É carinha, não tem jeito mesmo. Vai dia, volta dia e eu aqui presa a você (soltíssima de suas mãos). Já fiz promessa, terapia, pensei positivo e até me ameacei com um novo amor, mas não deu certo. E sabe por quê? Porque, sendo sinceríssima, eu não quero.
O que me atormenta mesmo não são as lembranças, já nem tão vivas assim (na verdade, muito me parece um sonho), não é a impressão de ter sentido o teu cheiro e muito menos esbarrar contigo, reavivando as esperanças; o que me incomoda, cutuca, tortura é esse meu desejo forçado.
Então, pela primeira vez, eu resolvi escutar meu coração, saber o que ele realmente pensa de você. E eu, confesso, me surpreendi. Ele chorou de raiva, bateu o pé, rogou praga e me perguntou – cheio de mágoa – porque é que eu nunca pedi para que ele esquecesse você.
Gozado, né? Eu que sempre reclamei do pobre coitado...
Entende agora, carinha? Você vê que eu não luto contra nada disso, que eu trago toda essa confusão para minha vida? Bem, eu venho entender agora, porque o obvio é tão difícil de se notar. 

domingo, 4 de dezembro de 2011

Aliados

 



Dessa vez foi diferente: não priorizei a opinião nem de um, nem de outro; escutei a ambos – razão e coração – e tanto a primeira, quanto o segundo me disseram a mesma coisa: chegou ao final.
Desde o princípio, a razão disse pensar ser uma armadilha feita por mim mesma, resolveu me avisar que as diferenças entre duas pessoas é que fazem sobreviver um relacionamento, mas que opostos extremos não conseguem conviver bem. Ela sabia (eu sabia), que o futuro de tal relacionamento não era longo. Mas tinha de dar crédito ao pobre do meu coração que por muito tempo foi censurado. Ele reconheceu que não era lá todo esse gostar, mas apelou para a colega e relembrou que amor se constrói, me pediu para dar uma chance, para tentar mais uma vez, para não desistir de mim e me entregar, assim o fiz.
No entanto, agora chega este danado pegado a mão da mais nova amiga, me bate a porta da decisão dizendo que é hora de abandonar o navio, que o amor não tem chance de nascer nesse solo com esse adubo e essa água que agora o rega. Vieram aqui, razão e coração, tentar me abrir os olhos, me pedirem por um fim, para não prolongar o que não existe, vieram me implorar que não seja falsa. Então, meu querido, perdo-me; mas quando se unem razão e coração, só me resta dizer adeus. 

sábado, 3 de dezembro de 2011

Desilusão


Assumo: depois de você poucos foram os homens na minha vida. Mas sabe, não era isso que te tornava tão especial. Eu tinha um encanto por você, te venerava. Você era meu príncipe encantado dos tempos modernos. Tinha garantido um canto especial no meu peito, justo por não ter me feito promessas. Eu me apaixonei pela falta de juras, pela ausência do “para sempre” na sua boca. Pensei: “esse cara sim. Esse merece toda a minha inocência, todo meu desejo, todo meu amor”. Mas aí, dia desses, descobri que até o seu silêncio é mentiroso.
Eu acreditava mesmo que um dia eu ia te trazer definitivamente paras os meus braços. Via em você a chance de curar todas as mágoas que eu trazia comigo, a chance de crer uma vez mais no amor. Mas você, sem dizer nada, arrancou cruelmente todas as minhas esperanças e novamente me fez descrer das pessoas.
Eu acreditava piamente que para não se decepcionar com alguém, bastava não esperar nada, não alimentar expectativas. E foi isso que fiz como você. Não esperei. Só que ainda assim você conseguiu me decepcionar. Você frustrou minha espera inexistente, magoou aos meus princípios. Melhor seria que tivesse me prometido o mundo e depois me tirado a possibilidade de tê-lo. No entanto, você fez pior: roubou-me o que eu tinha de mais precioso - o meu amor por você.