quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti."


Nessa nossa relação nos comportamos como Pequeno Príncipe e Raposa. Você o tempo inteiro declarando querer ser amigo meu, eu lhe explicando que era necessário cativar primeiro. Você, curioso como o pequenino, questionou todo meu mundo. Eu lhe impus regras, arisca como tal bicho esperto, lhe contei dos ritos imprescindíveis para a dita “cativação” e te olhando desconfiada e com certo receio fiz minhas as palavras da amiga raposa: “se queres um amigo, cativa-me”.
Mas nós, como todo plágio, não adquirimos o encanto da originalidade. Você, diferente do principezinho, esqueceu-se de avisar que depois de certo tempo eu teria que me contentar apenas com os campos de trigo e com a sua doce lembrança; não sei se por descuido ou por falha proposital, não me esclareceu que era do mundo, que partiria a qualquer momento. Eu, não possuindo esperteza semelhante a da raposa, me esqueci de me lembrar que quando se deixa cativar correm-se riscos, inclusive o risco de chorar.
E agora estamos assim: você vagando por aí em busca de respostas que eu talvez pudesse lhe dar. E eu, desarmada, pagando as consequências de quem se deixa cativar, tendo sempre em mente que melhor do que ter sido raposa, teria ter sido sua rosa. 

3 comentários:

  1. Ok, posso assinas em baixo? Era tudo que eu queria ter dito a alguém há uns dias atrás!

    beijos!

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  2. Sempre achei meio difícil compreender esses diálogos do pequeno príncipe, amizades, cativar, o trigo, enfim, apesar de amar a obra, seu texto tornou mais claro, mesmo sem a esperteza da raposa a gente pode cativar ou deixar de cativar e acumular perdas, faz parte da vida, mas logo outras oportunidades de cativar surgem. Eu adorei o texto.

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  3. Nessa eu quase choro :/ rs.
    adorei, mesmo!

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