sexta-feira, 6 de julho de 2012

Tudo o que direi a minha filha



Creio eu que a maternidade está longe de me alcançar e sei que a experiência que guardo é pouquíssima, e que os tantos princípios e valores que eu tenho de pouco vão me adiantar. Não sei o que eu vou dizer a minha filha quando ela me perguntar de onde vêm os bebês, ou que farei com ela quando tirar sua primeira nota baixa, e muito menos, como agir diante sua primeira crise existencial. Mas sei muito bem o que direi a ela quando tiver que falar sobre a sua vida amorosa.
Para começar a treinar minha menininha desde pequerrucha - não lerei para ela contos de fadas de príncipes e princesas. Nada de sereia que cria pernas para poder viver junto do seu amado, de homem que é capaz de despertar a mulher do sono eterno somente com um beijo; quero que ela entenda que não é necessário mudar para que alguém possa ama-la e que o amor não mora no campo do impossível.
Quando ela entrar na adolescência o primeiro conselho que lhe darei é para que ela jamais assista nenhum clássico dos filmes de chororô e nem ouse se deliciar com as comédias românticas. Porque assim ela não vai esperar nenhum acontecimento inesperado para que aquele cara, que na verdade nem vale a pena, olhe para ela; ou que aquele babaca que a magoou milhões de vezes perceba com alguma das lágrimas que ela derramar o quanto ela é especial e mude da noite para o dia com bombons e buquês. Sei que livrando a minha princesinha dessas ilusões deliciosas, as chances de ela ser encandeada pelas luzes do final feliz irão diminuir.
E no instante que ela crescer mais um pouquinho e começar a querer desabrochar, vou lhe fazer pensar e talvez até confundir um pouco a sua cabecinha. Contar-lhe que não é necessário fazer uso desse estereotipo de mulher difícil. Homem, homem que é homem, não se prende a isso. Claro que ela não precisa escrever na testa que está à procura de alguém.  Mas o cara - que nem precisa ser o certo-(basta ser homem de verdade), vai se interessar ou não por sua conversa, seus gostos, sua personalidade, além da sua beleza. Talvez assim ela perceberá que a conquista não é um jogo de pega-pega, sim de afinidade, de sorte.
E quando, por fim, ela entrar na sua vida adulta chegará a hora de lhe falar o grande segredo. Que na verdade, é a coisa mais simples do mundo: do seu mundo e do seu coração só você sabe. Vou lhe pedir, ou melhor, implorar para que largue de mão a opinião alheia e se importe somente com o que sente. Porque ela é que poderá saber o seu limite, só o seu coração conhecerá, de verdade, o seu desejo mais íntimo e mais intenso. Quem sabe assim, ela ficará mais perto do feliz para sempre.